Satish Kumar é o editor chefe da revista Resurgence - http://www.resurgence.org - e em cada número pública um pequena crónica. O texto que apresentamos de seguida é uma tradução do artigo do n.º 237 — Julho/Agosto 2006.
Não só o mundo da política e dos negócios, mas também muitos dos movimentos ambientalistas são motivados pelo medo. “Devemos cuidar do nosso planeta senão!...” Temos de reduzir as emissões de carbono, senão o aquecimento global ditará o fim da civilização.” Temos de usar menos petróleo senão ficaremos sem reservas.” Estes são os medos que estão por detrás de muito do pensamento ambientalista. Muitos dos livros publicados nos últimos meses suportam-se na premissa de que o fim do mundo é inevitável a menos que mudemos os nossos hábitos.
O medo parece ditar as nossas vidas, as nossas políticas e o nosso mundo. O medo do terrorismo, o medo da morte, o medo do envelhecimento, da solidão, da doença, de sermos atacados e violados: medo, medo, medo.
Devido ao medo construímos armas nucleares e depois, para nos protegermos das armas nucleares que construímos, construímos bunkers. Devido ao medo da escassez buscamos o crescimento económico; o crescimento económico provoca o aquecimento global; para nos salvarmos do aquecimento global queremos cobrir a Terra de aerogeradores ou centrais termonucleares que reduzem área de terra disponível para o cultivo, o que causa a escassez… O kármico ciclo vicioso do medo repete-se até à exaustão.
Como afirmou Albert Einstein, não se pode resolver um problema com a mesma disposição mental que, primeiramente, o originou.
O medo é a causa dos problemas ambientais, que não podem ser resolvidos por temor de uma catástrofe global.
No passado costumávamos dizer, “Porta-te bem, senão vais para o inferno.” Nos nossos dias dizemos, “Sê amigo do ambiente, ou a civilização sucumbirá.” O medo é uma má razão para nos tornarmos em bons ambientalistas. Existem melhores razões para nos preocuparmos com a Terra. Viver em harmonia com a Terra é bom por si mesmo. Estilos de vida sustentáveis, frugais e compassivos são justos para todos os seres – humanos e não-humanos. Uma cultura de não-violencia que respeite e mostre reverência perante a vida, tem de fazer parte das nossas estruturas psicológicas. Mesmo se o aquecimento global não fosse uma realidade premente e as reservas de petróleo não se estivessem a esgotar, não deveríamos destruir a vida porque esta é sagrada. E, através da gratidão à vida, deixamo-nos encantar, inspirar e ser felizes. Cuidar da comunidade Terrestre, que inclui a comunidade humana, é uma questão de gosto e alegria, e não uma questão compulsiva. Ecologia ou ambientalismo é uma forma de vida, não uma gestão de crise. As questões do aquecimento global, população, agricultura orgânica e terrorismo internacional são assuntos que necessitam de ser enfrentados e compreendidos no contexto do valor intrínseco dos estilos de vida ecológicos, e não como respostas a histórias assustadoras.
Créditos
Foto: Love and Liberty, por Miki Yamanouchi (Flickr).
O medo parece ditar as nossas vidas, as nossas políticas e o nosso mundo. O medo do terrorismo, o medo da morte, o medo do envelhecimento, da solidão, da doença, de sermos atacados e violados: medo, medo, medo.
Devido ao medo construímos armas nucleares e depois, para nos protegermos das armas nucleares que construímos, construímos bunkers. Devido ao medo da escassez buscamos o crescimento económico; o crescimento económico provoca o aquecimento global; para nos salvarmos do aquecimento global queremos cobrir a Terra de aerogeradores ou centrais termonucleares que reduzem área de terra disponível para o cultivo, o que causa a escassez… O kármico ciclo vicioso do medo repete-se até à exaustão.
Como afirmou Albert Einstein, não se pode resolver um problema com a mesma disposição mental que, primeiramente, o originou.
O medo é a causa dos problemas ambientais, que não podem ser resolvidos por temor de uma catástrofe global.
No passado costumávamos dizer, “Porta-te bem, senão vais para o inferno.” Nos nossos dias dizemos, “Sê amigo do ambiente, ou a civilização sucumbirá.” O medo é uma má razão para nos tornarmos em bons ambientalistas. Existem melhores razões para nos preocuparmos com a Terra. Viver em harmonia com a Terra é bom por si mesmo. Estilos de vida sustentáveis, frugais e compassivos são justos para todos os seres – humanos e não-humanos. Uma cultura de não-violencia que respeite e mostre reverência perante a vida, tem de fazer parte das nossas estruturas psicológicas. Mesmo se o aquecimento global não fosse uma realidade premente e as reservas de petróleo não se estivessem a esgotar, não deveríamos destruir a vida porque esta é sagrada. E, através da gratidão à vida, deixamo-nos encantar, inspirar e ser felizes. Cuidar da comunidade Terrestre, que inclui a comunidade humana, é uma questão de gosto e alegria, e não uma questão compulsiva. Ecologia ou ambientalismo é uma forma de vida, não uma gestão de crise. As questões do aquecimento global, população, agricultura orgânica e terrorismo internacional são assuntos que necessitam de ser enfrentados e compreendidos no contexto do valor intrínseco dos estilos de vida ecológicos, e não como respostas a histórias assustadoras.
Créditos
Foto: Love and Liberty, por Miki Yamanouchi (Flickr).
Sem comentários:
Enviar um comentário