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2012-09-18

Tarde demais

O descaramento dos governantes e da fidalguia republicana que parasita Portugal não para de crescer. No sábado passado, durante as manifestações em Lisboa, foram detidos quatro manifestantes. No espaço de poucos dias, entre os quais se conta um domingo, foram julgados e um deles condenado, "por crime de resistência e coação", a 12 meses de prisão com pena suspensa. Nada de errado se esta situação não tivesse acontecido num país onde criminosos julgados e condenados, em vez de cumprirem a pena de prisão a que foram sentenciados, se sentam em cadeiras da presidência de Câmaras Municipais, como é o caso do ladrão e corrupto Isaltino Morais ou da ladra fugitiva e corrupta Fátima Felgueiras. Outros, apesar de estarem em prisão preventiva, como o ex-deputado Duarte Lima, corrupto, assassino e, outrora (e quem sabe agora), amigo do Presidente desta República, ficam no conforto de suas casas compradas e mobiladas com o dinheiro que extorquíram ao povo português. Escusado será dizer que a lista não se fica por aqui. Das suspeitas de corrupção do antigo Primeiro-Ministro José Sócrates às luvas e negócios obscuros dos submarinos que envolvem o atual Ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas, sem esquecer o corrupto e aldrabão Miguel Relvas que, enquanto os alunos portugueses queimam pestanas pela noite dentro, se licencia por equivalência, os nomes sonantes abundam. Para estes a justiça tarda tanto que lhes permite continuar a viver descaradamente perante o olhar boquiaberto e indignado de milhões de portugueses.
Exijo, da justiça portuguesa, igual celeridade e pulso igualmente pesado na punição destes canalhas que atentam contra o bem-estar da sociedade, como a que se sentiu para os quatro manifestantes que foram presos. Enquanto tal não acontecer exorto todas as forças de segurança a pensarem duas vezes antes de procederem a detenções daqueles que defendem os interesses dos cidadãos (polícias ou não). Se não o fizerem estarão a pactuar com a injustiça e a corrupção generalizada que toca a classe política em Portugal.
A fidalguia republicana julga-se intocável e sem quaisquer obrigações de prestação de contas. Tem-se dado ao luxo de sacrificar a justiça de todos pela (sua) paz de poucos, mas os 99% de plebeus começam a cansar-se e, com cheiro salazarento que paira no ar, irão, mais tarde ou mais cedo, sacrificar a paz para recuperar a justiça que lhes roubaram. Nessa luta os pais já não poderão ensinar a prática da democracia aos seus filhos como fizeram na manifestação de 15 de Setembro. Quando isso acontecer, será tarde demais.

Créditos
Foto: Manifestação em Lisboa 15 Setembro, por João Vasco Almeida

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